segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Entropia legisladora

Há coisas que me causam sincero espanto. Uma delas são os detalhes do mundo, aquilo que os molda. As falhas de uma pedra, uma chama que dança, um vale em Marte, uma estrela, ou mesmo a nossa estrutura corporal, tudo a cada momento nunca está só, nunca está sem lei. É daquelas coisas que me chegam a comover de tão absurdas que me parecem, não tanto pela elegância das formas moldadas pelas inconscientes mãos da física, porque essa elegância, ou noção de tal, está em nós, mas pelo simples facto de algo tutelar toda a matéria no Universo e a moldar. Eu sei que sou um pouco infantil na minha relação com o mundo, deixando-me espantar pela realidade quotidiana com alguma facilidade, mas não posso deixar de ser assim.

É um exercício inspirador (e atrofiante), parar um pouco a olhar uma paisagem e perdermo-nos nessa perspectiva das coisas. Pensar que cada elemento da paisagem é, até ao seu mais ínfimo detalhe, desenhado pelas leis do Universo, e que cada átomo que compõe essa paisagem, desde as pedras, às nuvens, ao sol e até ao ar que respiramos, não só partilham um passado comum, como ao longo da sua história todos foram “julgados” perante as mesmas leis e formam o que formam graças ao estrito cumprimento das mesmas.

Isto leva-me a uma questão, a qual obviamente não é só minha, de que, se as leis da física tutelam o Universo sem espaço para incumprimentos, haverá algo para além do determinismo? Se visualizarmos o Universo como um processo onde um efeito terá de ter obrigatoriamente uma causa, haverá quebras nessa lógica? Nós Homens constituídos exactamente da mesma matéria que tudo o resto, será fundamentada a certeza de que o determinismo não tem nada a ver com a nossa essência? Existe alguma acção Humana que não esteja exactamente sujeita à cadeia causa-efeito?

Questões existenciais à parte, o que me levou a escrever isto foi um vídeo que encontrei no YouTube e que me relembrou desta questão das leis e de tudo ser moldado pelas mesmas, independentemente de estarmos ou não conscientes das mesmas.