segunda-feira, 30 de março de 2009

Filmes do fim-de-semana

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Após o regresso de Rocky Balboa, num filme que acabou por demonstrar insuspeitos talentos do Sr. Stallone enquanto realizador, até como argumentista, e com um bocado de boa vontade, como actor, eis que volta Rambo, outro ícone vindo dos anos 80 incarnado por este senhor. Ao contrário de Rocky, que não era tanto um filme de acção mas um drama masculino ao bom estilo Americano, Rambo IV é um filme de pura acção onde os mortos caem em elegantes cascatas e onde a personagem Rambo se desenvolve sobre o próprio “valor” cultural excedendo-se a cada cena. Em suma, é um filme perfeito para um serão de fumos e copos entre amigos, com a garantia de tanto umas boas gargalhadas como de algum choque face ao gore do filme.

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As “cidades” são prisões das quais não conseguimos escapar. Vivemos todos de sonhos, memórias e recordações, sabemos o que queremos, mas não existem caminhos que nos levem aos sonhos, não sem luta. Ao mesmo tempo, o que somos nós? Apenas as nossas memórias ou algo mais? E a realidade, será mais do que aquilo que nos é dado? Será a loucura o resultado do encontro entre realidades distintas? Esta e muitas outras questões vão emergindo ao longo de Dark City, um simpático filme de ficção científica, soberbamente suportado por um cuidado estético que por si só lhe vale um quase estatuto de culto. 

terça-feira, 24 de março de 2009

Coisa escrita

“Somos a forma como o universo se torna consciente de si mesmo”, acho que é difícil encontrar frase mais iluminada e com implicações mais profundas. De certa forma os átomos que constituem a matéria têm em nós a forma pela qual podem ganhar consciência e se por um lado isso dá um toque algo poético e grandioso ao Universo, também não é menos que recai sobre ele toda a pequenez que implica ser-se Humano. Claro que o Universo é muito mais do que nós, tanto mais que não pode ser realmente compreendido, mas na sua cadeia evolutiva, se pensarmos, por exemplo, nas galáxias, nas estrelas ou nos planetas, nós, a Vida, somos mais um patamar da evolução da matéria num espaço que de certa forma parece demonstrar uma perícia e até uma complexidade crescente no que toca às formas novas que vai aleatoriamente criando. Se há uma glória desmedida numa nébula, tanto pelas suas dimensões, como pelo seu valor estético ou pela sua esperança de vida, eu penso que um ser vivo pode representar realmente melhor que qualquer outra coisa, essa mesma glória, e nós Humanos seremos, nem que apenas aqui neste cantinho, uma das jóias na coroa do Universo.

Mas quanto a mim, não nos devemos iludir. Significamos talvez um novo patamar da matéria, mas somos ainda fundamentalmente um artefacto profundamente tosco. Sucumbimos facilmente à crença, embarcamos com facilidade em disputas sem qualquer lógica e a coerência é algo totalmente fora do nosso alcance. De facto somos crianças, ainda nos estamos a conhecer, mesmo não sendo possível compreendermos realmente o que significa esse “nós”. Digo-o porque na realidade penso que para nos compreendermos temos também de compreender que não somos uma ilha, como a Teoria da Evolução demonstrou, ainda mais com a entrada da genética no assunto, as ramificações acabam por se diluir, nenhum Ser deixa de ser para outro tomar o seu lugar, há sim uma transformação, mais ou menos rápida, que leva a que parte de determinada espécie se transforme noutra. E o mesmo se aplica à matéria em si, até porque a Vida é apenas matéria, todo o Universo é regido por esse movimento aleatório em que nada deixa de ser, ganhando apenas outra forma.

Efectivamente o mais pertinente no fenómeno da Vida é para mim a consciência, o facto de a matéria ganhar alguma autonomia, gerindo-se, acabando por se afastar aos poucos dessa aleatoriedade, embora no fundo lhe seja impossível escapar totalmente. E isso permite uma diminuição das escalas temporais dos processos evolutivos. Ocorreram biliões de anos até à formação da vida na Terra, sempre num processo de crescente complexidade, e se pensarmos, nós Homens acabamos por em milhares, através da evolução técnica, atingir um patamar onde nos tornámos na espécie dominante. E, talvez nas últimas centenas de anos com o ganhar de corpo da ciência, essa tal capacidade técnica cresceu de tal forma que hoje prosperamos como nunca na nossa história. Claro que há um certo perfil de “praga” na humanidade, tal como com os ratos ou as baratas, mas isso acaba por ser um julgamento puramente moralista da nossa parte, o facto é que em 200 anos a população mundial cresceu de 1 bilião para 7 biliões, o que feitas as contas é o mesmo que uma pessoa tivesse nascido a cada segundo, durante esse tempo, sem que nenhuma morresse.

Fundamentalmente a Ciência destaca-se por ter efeitos práticos na realidade material, assim como no estruturamento do próprio pensamento, e na nossa história nenhuma escola de pensamento, doutrina política ou religião se aproxima dos seus feitos. A ciência através dos seus rituais é de tal forma relevante que apesar de ter apenas alguns praticantes acabou por espalhar a sua “magia” por todo o mundo, transformando-o totalmente. Essa transformação deu-se, porque a ciência veio servir a técnica, a capacidade Humana de transformar o meio para o servir, subtraindo mais um pouco o factor “acaso” da nossa evolução e substituindo-o, gradualmente pelo raciocínio lógico.

Pegando agora na parte da técnica e da ciência, e se observarmos o sentido que o mundo vem tomando, julgo que se pode dizer que elas (técnica e ciência) acabam por ser em si um processo evolutivo, que embora ligado, corre paralelamente ao nosso (se bem que acabe por não diferir de qualquer outro). O motivo que me leva a dizer isso é porque acho bem possível, e até lógico, que as maquinas venham no futuro a ser o nosso “substituto”, reforçando assim a minha ideia que o principal ponto a ter em conta na Vida é realmente o ganhar de consciência da matéria e a consequente emancipação das forças que nos regem, e quem sabe, num futuro absurdamente longínquo, chegará o (absurdo) momento em que realmente o Universo como um todo se torna consciente, como que acordado de um longo sono…Ou então não.

Nota: Claro que daqui a um segundo tudo pode deixar de ser.